Ataulfo Alves, o mais elegante, gentil e refinado poeta do samba
Ataulfo Alves de Souza, nasceu em 1909, no município de Miraí, Minas Gerais, na Fazenda Cachoeira. Menino de roça, aprendeu com o pai, chamado de “Capitão” Severino, repentista, violeiro e sanfoneiro, as primeiras lições da arte de versejar e cantar. Uma existência pobre, mas tranqüila e feliz, que registrou com emoção no seu samba Meus tempos de criança, também conhecido como Meu pequeno Miraí e Saudades da professorinha.
Ao freqüentar as rodas de samba, passa a compor para o Bloco Fala Quem Quiser, do Rio Comprido, no qual tem o cargo de diretor de harmonia. Alcebíades Barcelos, o Bide, nota suas qualidades de compositor e o leva à presença de Mr. Evans, engenheiro de gravações da R.C.A Victor. Mr. Evans, entusiasta e bom conhecedor da música brasileira, gosta do que ouve e seleciona, para gravação imediata, três dos seus sambas: Sexta-Feira, o primeiro a ser gravado e lançado por Almirante, Tempo Perdido, o segundo, por Carmen Miranda, e Sonho, por Carlos Galhardo.
Pegou verdadeiro gosto pela interpretação com Ai! Que Saudade da Amélia! um clássico, em parceria com Mário Lago, depois de nenhum cantor querer gravá-lo. Consciente do seu modesto potencial como cantor, lança mão do recurso de se fazer acompanhar por coros que ensaiava até reunir três cabrochas, suas Pastoras, que também passou a levar em suas apresentações.
Em 1961, chefiou a 4ª Caravana de Divulgação da Música Brasileira no Exterior, organizada pelo MEC-UBC, apresentando-se em diversos países da Europa. Em 1966, representou o Brasil no I Festival de Arte Negra do Senegal, em Dacar.
Como parceiro de Wilson Batista, venceu os carnavais de 1940 e 1941, com Oh!, Seu Oscar e O bonde de São Januário e, ainda Eu não sou daqui, Papai não vai, Terra boa. Orlando Silva foi outro grande intérprete de Ataulfo. Errei, Erramos, foi por ele gravado em l938. Como intérprete, as primeiras gravações de Ataulfo foram Leva Meu Samba e Alegria na Casa de Pobre com Abel Neto. Com Mário Lago compos ainda Atire a Primeira Pedra (Carnaval de 1944) e Capacho e Pra que Mais Felicidade (1945). Fim de Comédia e Errei, Sim, foram gravadas na década de 1950 por Dalva de Oliveira. Ele fundou a ATA – Ataulfo Alves Edições – e editava suas próprias músicas e fez sucesso com Laranja Madura. Mas o lenço branco com o qual regia seu conjunto foi entregue simbolicamente pelo compositor a Ataulfo Júnior.